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#IPnaMídia: Reflexão em uma Páscoa atípica: como será o amanhã da filantropia? Jornal A Gazeta

#IPnaMídia: Reflexão em uma Páscoa atípica: como será o amanhã da filantropia? Jornal A Gazeta

Bartira Almeida, presidente do Instituto Ponte, teve um artigo seu publicado no site do jornal A Gazeta no dia 12/04/2020.

O texto traz uma reflexão sobre o momento que estamos vivendo no Brasil e no Mundo devido ao COVID-19, como a filantropia atua neste cenário e qual será o seu futuro.

Confira o artigo na integra:

Reflexão em uma Páscoa atípica: como será o amanhã da filantropia?

Pandemia de coronavírus motivou aumento expressivo no volume de doações, mas precisamos transformar isso em uma cultura e não ficarmos esperando as tragédias acontecerem para que possamos “apagar incêndios”.

Como diria Simone: “responda quem puder”. Já li vários artigos, assisti a diversas lives com pessoas renomadas, algumas que admiro bastante. Discute-se o futuro de tudo à exaustão, da evolução da pandemia de coronavírus, economia até a explosão das dívidas públicas dos países. Mas o que me intriga é que, até agora, vi pouquíssimas discussões, lives ou artigos sobre o futuro da filantropia.

Não quero dizer, com isso, que as pessoas não são solidárias. Muito pelo contrário. A sociedade civil foi chamada a agir diante da lentidão do Estado e das enfadonhas brigas políticas que não trazem benefício algum para as pessoas que necessitam do Estado, para cruzar o deserto e chegar à terra prometida, e agiu. Nunca houve, na história do Brasil, um volume de doação de recursos, empresas e cidadãos tão vultoso como agora. Segundo a ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos), já foram arrecadados mais de 1 bilhão de reais nos últimos 30 dias.

Como será o amanhã da filantropia? Não entrarei no mérito do que motivou esse volume de doações tão expressivo neste momento, mas precisamos transformar isso em uma cultura e não ficarmos esperando as tragédias acontecerem para que possamos “apagar incêndios”.

Vivemos em um mundo globalizado. A mobilidade das pessoas não para de crescer e pandemias, como essa que vivemos, podem se tornar cada vez mais comuns e até mais devastadoras do que podemos imaginar. Isso sem falar no bioterrorismo.

O mundo de hoje está muito mais preparado para enfrentar conflitos armados do que para enfrentar os inimigos invisíveis, iguais à Covid-19, que podem matar muito mais do que mísseis e bombas.

É urgente, portanto, que governos, empresas e cidadãos, de mãos dadas, construam um país com mais oportunidades e menos desigualdades sociais. A crise atual veio esbofetear a nossa cara com a realidade que todos nós já conhecíamos, mas fingíamos não enxergar. Já éramos um país muito desigual, onde as pessoas passavam fome, não tinham saneamento, saúde e educação. O quadro pós Covid-19 só irá se agravar.

Precisamos criar no país a cultura da filantropia. Existem várias organizações sérias, com bons resultados e diferentes focos de atuação, precisando de ajuda. Busque uma organização em que o trabalho lhe gere empatia e passe a apoiá-la regularmente da forma que puder. A solidariedade do povo brasileiro está atenuando um pouco os efeitos sociais da retração econômica, colocando comida na mesa de quem precisa e dando um pouco de dignidade, mas estamos “apagando incêndio”, quando deveríamos tentar evitá-lo.

Como será quando terminar o isolamento social e as coisas começarem a voltar ao normal? Continuaremos a fingir que o problema não existe? Ou vamos tirar as lições dessa crise e, com ações coordenadas e maior engajamento da sociedade, construir um futuro com melhores alicerces?

Neste domingo de Páscoa atípico, gostaria de propor um desafio, aproveitando que estamos na época de fazer o Imposto de Renda. Olhe para seu IR. Agora imagine o que você deixaria de fazer caso tivesse 1% a menos do que tem. Se para você não mudou nada, tenha certeza que se você escolher bem a organização para a qual doar, você estará transformando a vida de uma pessoa, família ou comunidade.

Sei que a reconstrução será muito dura, com vários desafios, mas a solidariedade do povo brasileiro me encheu o coração de esperanças de que podemos construir um Brasil melhor para todos.

 

Para acessar o artigo no site da Gazeta acesse: https://www.agazeta.com.br/artigos/reflexao-em-uma-pascoa-atipica-como-sera-o-amanha-da-filantropia-0420